O+ "PARA LÁ DA TÁBUA"
31/10/2020
PARA LÁ DA TÁBUA com Gonçalo Domingues "Giga"
Com o objetivo de dar a conhecer mais sobre o Skate, queremos dar voz a mais pessoas sobre as mais variadas temáticas. Sem uma guideline definida, sentamo-nos e conversamos sobre o que nos vier à cabeça.
E para começar, estivemos à conversa com o Giga... para quem não sabe o Giga teve uma lesão no início deste ano e só agora é que voltou a andar de skate.
Uma conversa rápida sobre a lesão e recuperação durante uma skatada matinal que pode ser lida/ vista em baixo.
Com o objetivo de dar a conhecer mais sobre o Skate, queremos dar voz a mais pessoas sobre as mais variadas temáticas. Sem uma guideline definida, sentamo-nos e conversamos sobre o que nos vier à cabeça.
E para começar, estivemos à conversa com o Giga... para quem não sabe o Giga teve uma lesão no início deste ano e só agora é que voltou a andar de skate.
Uma conversa rápida sobre a lesão e recuperação durante uma skatada matinal que pode ser lida/ vista em baixo.
No início deste ano tiveste uma lesão... Que lesão é que tiveste e como é que foi o processo de recuperação?
Aleijei-me no final de fevereiro no joelho direito, sempre o mesmo... um clássico (risos). Rutura de ligamentos e rutura do menisco. Demorou algum tempo a recuperar porque surgiu o Covid e como fechou tudo não consegui fazer os tratamentos “normalmente”.
Temos um amigo, o Manel, que também andou de skate e é quem nos faz os tratamentos. Basicamente costumava ir lá uma/ duas vezes por mês. Em meados de Maio/ Junho, comecei a ir ao ginásio para fazer reforço muscular. Agora vou continuar a fazer sempre, se deixo de ir ao ginásio vou-me aleijar outra vez, porque esta já é a quarta vez. Duas a andar de skate e duas a jogar à bola.
“Desligaste” do skate durante esse período?
Não, durante esse período de quarentena não estivemos a dar aulas mas nunca desliguei do skate. Comprei uma câmara e filmei a malta aqui de Oeiras. Quando conseguimos retomar voltei a dar aulas de skate, por isso nunca me desliguei completamente do skate. Tentei acompanhar a malta e sempre que havia skatadas fiz por estar sempre presente. É impossível desligar do skate.
Estás a voltar a skatar agora... como é que te sentes fisicamente?
A nível físico sinto-me fixe, como tenho ido ao ginásio começo a ganhar a mobilidade total do joelho... Aos poucos já começo a fazer mais exercícios. Já posso correr, saltar, sentir impactos. Sinto-me bem fisicamente, óbvio que em cima do skate sinto-me perro, as manobras não saem logo.
Andei de skate duas ou três vezes, dei umas manobras de chão e andei em curbs de chão... sinto-me leve sabendo que a lesão do joelho acaba por estar um pouco presente. Mas acho que com calma e também já sendo mais velho, já penso de maneira diferente. Se fosse antigamente, continuava a skatar normalmente e acabaria por me voltar a aleijar.
Acho que se tem que ganhar a consciência e tem que se deixar de parte o sentimento e a emoção de quereres fazer grandes cenas. Basicamente é curtir de outra maneira, mas curtir à mesma.
A parte psicológica acaba por ser a parte mais importante no meio da lesão?
Sim. Eu acho que o skate, acima de tudo, é muito psicológico porque és tu e o skate, não há mais ninguém. E quando nos lesionamos, se não estamos psicologicamente a 100% de que estamos bem, vai ser sempre “se aterrar mais torto o joelho vai ceder”.
Estou sempre um bocado receoso, por isso acho que no início tem que se ter muita calma. Vou começar a andar de joelheira, por exemplo, e a skatada vai passar muito por andar de chão e aprender coisas novas. Vou tentar aprender a andar de maneira diferente e ver o skate de maneira diferente, basicamente.
Durante esse período filmaste o pessoal, montaram aquele curb...
Sim, enquanto estive parado e as coisas voltaram a reabrir lentamente, tivemos a ideia de fazer um curb... Eu, o Duarte e com a ajuda do Ivo. Já há muito tempo que queríamos fazer um manual pad e um curb, e acabámos por fazer em Carcavelos. Queremos e vamos fazer mais coisas além dessas. Foi fixe, porque não podia andar de skate nessa altura e acabou por me fazer estar próximo do skate.
Essa parte do DIY (Do It Yourself) também faz parte do skate, porque não é só skatepark. Também é fixe andar na rua.
Como é que tens sentido as skatadas com o pessoal? Estás preparado mentalmente para voltar gradualmente ou sentes aquela vontade repentina de querer correr mais riscos? Consegues controlar esse impulso?
Agora no recomeço, sinto esse impulso mas é rapidamente anulado porque sei que não posso. Às vezes ainda sinto algumas limitações no joelho, portanto sei que não me posso “esticar” porque se não vou aleijar-me de certeza.
Se fosse há uns anos, se calhar era mais “maluco” e tentaria skatar da mesma maneira. Agora vejo a malta, dá-me “pica”, mas a minha vontade lá está... é andar no chão, começar quase pelas bases, andar num curb ou num rail de chão. Tento evitar as transições e coisas que tenham impacto. Mais para a frente, à medida que o joelho vai melhorando vou arriscar um pouco, mas nunca há-de ser escadas, gaps... acho que essa parte do skate para mim vai ser só mesmo ver a malta.
Vou partir para outras coisas. Tentar andar mais de banks, quarters, mini rampa, nunca explorei muito esse lado. Sinto-me perro a andar se vir outras pessoas (risos). Manuals sempre gostei, curbs de chão... Agora há certas coisas que vou ter mesmo que “desligar”.